domingo, 8 de junho de 2008

"PAGANISMO"


O paganismo é, na verdade, uma cultura, tal como a Cultura Oriental, Cultura Ocidental, Cultura Aborígine, etc, etc. E, como toda cultura, ele também tem uma espiritualidade típica (que podemos chamar, antropológica e sociologicamente, de "religiosidade") que pode se traduzir em diferentes religiões. Mas o Paganismo em si, não é uma religião. O correto seria falarmos que a Wicca, a Bruxaria Italiana, a Bruxaria Ibérica (para ficar em poucos exemplos) são religiões (ou caminhos iniciáticos) pagãs, ou seja, religiões que manifestam a cultura pagã.

O conceito actual, sinônimo de politeísta, de "idólatra", de "não crente" em Cristo, procede da época imperial Romana, na qual, o cristianismo se converteu em religião oficial do Império.

Do latim "paganus": Literalmente, "homem do campo", "camponês" ou "aldeão".

A origem de seu nome já define exatamente no que consiste a fé,forma de vida e credo de um pagão. Ao respeito e valorização da natureza.

Por sua raiz paleolítica, dos tempos de grupos nômades de caçador-coletores, a principal característica é, sem dúvida, uma forte ligação a terra, à natureza, tida como sagrada e viva.Por isso, a cultura pagã tem uma relação mágica com a natureza, o que inclui a sexualidade.

Religiosidade:

Dos pontos comuns a todas as sociedades da Cultura Pagã, surgem as características das religiões pagãs, ou seja, dos esquemas que dão forma e concretizam à espiritualidade pagã. Talvez possamos listar, com pouca margem de erros, as seguintes:

Talvez a principal característica da religiosidade pagã seja a radical imanência divina, ou seja, ela se encontra na própria Natureza (o que inclui os humanos), manifestando-se através de seus fenômenos.

  1. A ausência de dualismo, ou seja, não têm noções de opostos e/ou complementares (bem x mal, céu x inferno, matéria x espírito, etc, etc).
  2. A ausência desse dualismo também leva à ausência da noção de pecado, inferno e “mau” absoluto. Como a relação com os deuses é sempre pessoal e direta, a idéia de uma afronta à divindade é tratada também pessoalmente, ou seja, entre o cidadão e a Divindade ofendida. Assim, sem noção de pecado, também não há noção de inferno.
  3. A sacralidade da Terra também levou à ausência de templos, o que, no entanto, não impede a noção de Sítios Sagrados, em geral bosques, poços ou montanhas.
  4. O calendário religioso se confunde com o calendário sazonal e agrícola, o que lhe confere um caráter de fertilidade. Portanto, as festividades acontecem nos momentos de mudança e auge de ciclos naturais.
  5. Essas relações pessoais humanos-deuses, leva à ausência de dogmatismos e/ou estruturas religiosas padronizadas, havendo, pois, uma grande liberdade de culto: cada cidadão tem liberdade de cultuar dos Deuses em sua casa, da forma que desejarem. Basicamente, é uma religiosidade doméstica ou de pequenos grupos com laços de sangue ou de compromisso. No entanto, os Grandes Festivais são sempre rituais comunitários, pois comprometem todos os membros da comunidade.
  6. A relação mágica com a Natureza obviamente se traduz numa religiosidade mágica.
  7. A sacralidade da Natureza torna todas as religiões pagãs em religiões de comunhão, ou seja, que não visam dominar a Natureza, mas harmonizar-se com ela. Por isso, também são religiões intuitivas e emocionais. Em geral, os pagãos não "pensam" sobre sua espiritualidade; eles simplesmente a vivenciam.
  8. O respeito aos ancestrais e o tradicionalismo que isso implica, faz das religiões pagãs uma experiência de continuidade na egrégora ancestral, ou seja, a repetição dos mesmos ritos, na mesma época, cria a união mística com todos
  9. aqueles que já celebraram antes. Nesse momento, o tempo é rompido e se estabelece uma relação mágica com ele também: a repetição do rito torna presente o momento primevo de sua realização e todos aqueles que, ao longo dos séculos, dele tenham participado.
  10. A perspectiva cíclica do tempo dá a certeza do eterno retorno. Embora alguns povos tenham desenvolvido a idéia de um "Outro Mundo", a vida pós-morte nunca foi um ideal pagão, pois isso significaria ficar fora do ciclo e, portanto, da comunidade. Assim, o "Outro Mundo" (para aqueles que desenvolveram essa idéia) será apenas uma passagem entre uma vida e o renascimento. O encontro com a Deidade se dá sempre na comunhão com a Natureza, e não no Outro Mundo.

Obviamente, diferentes povos da Cultura Pagã desenvolveram suas liturgias e costumes religiosos típicos, locais e ancestrais, o que pode aparecer como "diferenças" entre religiões. No entanto, essas características básicas permanecem, pois são típicas do Paganismo.

Texto: Origem Wikipedia (adaptação Belchior Torres)

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