
O paganismo é, na verdade, uma cultura, tal como a Cultura Oriental, Cultura Ocidental, Cultura Aborígine, etc, etc. E, como toda cultura, ele também tem uma espiritualidade típica (que podemos chamar, antropológica e sociologicamente, de "religiosidade") que pode se traduzir em diferentes religiões. Mas o Paganismo em si, não é uma religião. O correto seria falarmos que a Wicca, a Bruxaria Italiana, a Bruxaria Ibérica (para ficar em poucos exemplos) são religiões (ou caminhos iniciáticos) pagãs, ou seja, religiões que manifestam a cultura pagã.
O conceito actual, sinônimo de politeísta, de "idólatra", de "não crente" em Cristo, procede da época imperial Romana, na qual, o cristianismo se converteu em religião oficial do Império.
Do latim "paganus": Literalmente, "homem do campo", "camponês" ou "aldeão".
A origem de seu nome já define exatamente no que consiste a fé,forma de vida e credo de um pagão. Ao respeito e valorização da natureza.
Por sua raiz paleolítica, dos tempos de grupos nômades de caçador-coletores, a principal característica é, sem dúvida, uma forte ligação a terra, à natureza, tida como sagrada e viva.Por isso, a cultura pagã tem uma relação mágica com a natureza, o que inclui a sexualidade.
Religiosidade:
Dos pontos comuns a todas as sociedades da Cultura Pagã, surgem as características das religiões pagãs, ou seja, dos esquemas que dão forma e concretizam à espiritualidade pagã. Talvez possamos listar, com pouca margem de erros, as seguintes:
Talvez a principal característica da religiosidade pagã seja a radical imanência divina, ou seja, ela se encontra na própria Natureza (o que inclui os humanos), manifestando-se através de seus fenômenos.
- A ausência de dualismo, ou seja, não têm noções de opostos e/ou complementares (bem x mal, céu x inferno, matéria x espírito, etc, etc).
- A ausência desse dualismo também leva à ausência da noção de pecado, inferno e “mau” absoluto. Como a relação com os deuses é sempre pessoal e direta, a idéia de uma afronta à divindade é tratada também pessoalmente, ou seja, entre o cidadão e a Divindade ofendida. Assim, sem noção de pecado, também não há noção de inferno.
- A sacralidade da Terra também levou à ausência de templos, o que, no entanto, não impede a noção de Sítios Sagrados, em geral bosques, poços ou montanhas.
- O calendário religioso se confunde com o calendário sazonal e agrícola, o que lhe confere um caráter de fertilidade. Portanto, as festividades acontecem nos momentos de mudança e auge de ciclos naturais.
- Essas relações pessoais humanos-deuses, leva à ausência de dogmatismos e/ou estruturas religiosas padronizadas, havendo, pois, uma grande liberdade de culto: cada cidadão tem liberdade de cultuar dos Deuses em sua casa, da forma que desejarem. Basicamente, é uma religiosidade doméstica ou de pequenos grupos com laços de sangue ou de compromisso. No entanto, os Grandes Festivais são sempre rituais comunitários, pois comprometem todos os membros da comunidade.
- A relação mágica com a Natureza obviamente se traduz numa religiosidade mágica.
- A sacralidade da Natureza torna todas as religiões pagãs em religiões de comunhão, ou seja, que não visam dominar a Natureza, mas harmonizar-se com ela. Por isso, também são religiões intuitivas e emocionais. Em geral, os pagãos não "pensam" sobre sua espiritualidade; eles simplesmente a vivenciam.
- O respeito aos ancestrais e o tradicionalismo que isso implica, faz das religiões pagãs uma experiência de continuidade na egrégora ancestral, ou seja, a repetição dos mesmos ritos, na mesma época, cria a união mística com todos
- aqueles que já celebraram antes. Nesse momento, o tempo é rompido e se estabelece uma relação mágica com ele também: a repetição do rito torna presente o momento primevo de sua realização e todos aqueles que, ao longo dos séculos, dele tenham participado.
- A perspectiva cíclica do tempo dá a certeza do eterno retorno. Embora alguns povos tenham desenvolvido a idéia de um "Outro Mundo", a vida pós-morte nunca foi um ideal pagão, pois isso significaria ficar fora do ciclo e, portanto, da comunidade. Assim, o "Outro Mundo" (para aqueles que desenvolveram essa idéia) será apenas uma passagem entre uma vida e o renascimento. O encontro com a Deidade se dá sempre na comunhão com a Natureza, e não no Outro Mundo.
Obviamente, diferentes povos da Cultura Pagã desenvolveram suas liturgias e costumes religiosos típicos, locais e ancestrais, o que pode aparecer como "diferenças" entre religiões. No entanto, essas características básicas permanecem, pois são típicas do Paganismo.
Texto: Origem Wikipedia (adaptação Belchior Torres)